Hoje o dia
amanheceu meio como que queria chover, até chegando a garoar um pouco mas
depois firmou e só foi chover mesmo depois das 10:00 da noite.
Para não
passar o dia sem fazer nenhum comentário do hotel, eles têm algum problema com
papel higiênico. Primeiro porque é de péssima qualidade, algo que eu não via há
tempos. Segundo porque eles entregam meio rolo e não repõem a não ser que
peçamos. Aí, eles entregam mais meio rolo. Acho que vamos passar no Carrefour e
comprar um pouco lá e até deixar o resto de caridade para eles aqui no hotel.
Fomos cedo
até a feira de San Telmo. Eu perguntava para as pessoas que me recomendavam ir
a essa feira: “o que tem lá?” e a resposta era, invariavelmente: “tem de tudo!”
Mas de tudo
o que? Pois bem, vou tentar esclarecer o que tem lá. É uma feira bastante extensa
e não fomos até o final. Pode ser que haja coisas diferentes nas barracas além
do que vimos. Então, se alguém sentir falta de algo importante, me avisa, por
favor.
A feira de
San Telmo não é uma “feira do rolo”. Não tem peça de carro na feira. Trata-se
basicamente de uma feira de artesanato o que, como toda e qualquer outra feira
do gênero, tem também peças de roupa principalmente de souvenires, alguma coisa
de comida e bastante arte. Então por que falam tanto dessa feira? Acho que pelo
motivo que falam, por exemplo, do Café Tortoni: porque é ponto turístico e
pronto. Eu acho que é pelo fato de ser uma feira tradicional e, principalmente,
por sua extensão.


Depois que
cansamos de andar, pegamos um táxi que não é caro em Buenos Aires e fomos até a
livraria Ateneo. Dizem que é a livraria mais bonita do mundo! Eu não levo essas
coisas a sério mesmo porque beleza é algo sempre discutível. Mas que é bonita,
isso é.
A livraria
foi montada em uma antiga e belíssima casa de espetáculos. Não chega a ser
propriamente grande, mas chama a atenção. Não fomos, mas eles têm um café no
lugar do antigo palco. Vale a pena a visita para quem estiver passando pela
região.
Eu,
particularmente, teria pulado, mas fomos, à tarde, no Café Tortoni com sua característica
fila na calçada. É bonito, badalado e caro. Pedimos churros que é um pouco seco
comparado com o do Brasil mas com uma deliciosa porção de doce de leite. Não me
arrependo de ter ido. Mas talvez você prefira optar por alguma outra visita
mais relevante.
Tio Nando e
tia Angélica voltaram para casa e, para fechar o dia, fomos até o Museu da
Criança (Museo de los Niños) que fica no shopping Abasto na Concorrientes. Não é
um lugar turístico e tampouco um museu. É uma grande área infantil com diversas
áreas temáticas próprias para crianças. Por exemplo, eles têm uma agência do
Santander, um McDonalds, um supermercado, uma clínica médica, um estúdio de
rádio entre vários outros temas, todos simulando o mundo real dos adultos. A Helô
adorou! Acho que, tirando a neve, foi o que ela mais gostou nessas férias.
Jantamos na
praça do shopping mesmo e vimos, mais uma vez, uma cena comum em Buenos Aires:
pessoas interrompendo nossa refeição para pedir dinheiro. E também perguntam se
não vamos mais comer para eles pegarem nosso resto de comida. Isso me chocou
bastante. Tinha sobrado alguma coisa nos nossos pratos e eles pegaram como
animais famintos. Uma tristeza ver esse tipo de degradação humana.
Eu acho que
isso começou depois das recentes crises que assolaram o país. Não parecem
pessoas que passaram a vida na miséria.
Aliás, a Argentina,
em especial Buenos Aires, é um local cheio de paradoxos. Muitos monumentos e
praças impecavelmente cuidados e lixo espalhado pelas ruas. Universidades,
museus, exposições de arte a todo canto e pessoas mal educadas e desrespeitosas
para com o próximo na mesma proporção.
Aqui não
existe muita regra e nem direitos. Cada um cuida do seu. Acho que tínhamos que
ter um programa no Brasil que exilasse na Argentina por um breve estágio as
pessoas que insistissem em reclamar do nosso país. Eu ouço o Professor Marco Antonio
Villa na Jovem Pan quase toda manhã e gosto muito dos seus comentários exagerados.
Concordo com muitos deles. Mas fico imaginando como seria um programa com ele
na Argentina. Acho que já teria morrido do coração.