sábado, 3 de setembro de 2011

Viagem para Jericoacoara

Aqui está nosso diário, na íntegra, da viagem de Jericoacoara.
Como comentamos antes, não tínhamos o blog desde então e fizemos um diário que estamos disponibilizando aqui.
O David, irmão da Fabi foi nosso primeiro leitor e ele se divertiu com nossas histórias.
Espero que também gostem.



Diário de viagem – Jericoacoara

Desde nossa última viagem de férias, em 2010 para a Grécia e Turquia, a Fabi e eu tivemos a idéia de registrar nossas próximas viagens com algo a mais do que fotos. É comum, depois de voltarmos das viagens, não lembrarmos bem de onde são algumas fotos e, principalmente, esquecemos de algumas coisas interessantes vividas e que valem a pena serem lembradas. Então, resolvemos criar um diário de viagem. Essa está sendo a primeira experiência e vamos ver se conseguimos criar um diário interessante e se conseguimos manter essa idéia para futuras férias.

Essa é a nossa viagem de férias de Janeiro de 2011, com destino a Jericoacoara, local considerado como uma das mais belas praias do mundo e onde eu tinha vontade de conhecer há anos.

Dia 1 – 25/01/11

Arrumamos as malas ontem e estamos preparados para uma longa viagem com destino a Jericoacoara. Como o vilarejo é todo com areia da praia, tivemos que usar malas de mão para levarmos nossas coisas e estamos levando um total de 3 volumes e mais a mochila com um notebook porque a Fabi está terminando o projeto de MBA e queria dar andamento em algumas coisas na férias, fazer o que né? Mas é claro que quase tudo que estamos levando é da Fabi.

Meu pai nos pegou em casa pela manhã e nos levou para Viracopos, de onde saia nosso vôo às 11:00. Enquanto estávamos no aeroporto, esperando a hora passar, fomos na Casa do Pão de Queijo comer um pão de queijo. Sem medo de errar, foi o pior pão de queijo que já comi e o suco de laranja era de polpa que veio super aguado. O café que a Fabi tomou, segundo ela, estava horrível também. Não fiquei surpreso quando vi que a empresa administradora daquela loja era a GRSA, mesma empresa que administra o restaurante do condomínio Global Tech, onde fica a HP em Campinas.

O vôo foi bom. A Fabi foi sentada na janela e eu no meio com um rapaz de Fortaleza que tinha exagerado um pouco no uso do Rexona. Bom, melhor Rexona do que cecê, certo? Depois de algumas horas do lado dele eu comecei a questionar essa afirmação. O rapaz era boa gente, pena que não dava para entender o que ele falava. Se bem que, no final da viagem, já estava dando para entender que ele estava voltando de São Paulo depois de 3 meses de trabalho na cidade que, segundo ele, é um lixo!

Descobrimos também que comissários de vôo têm um salário bastante aquém. A comissária chefe do vôo, que deve ter um salário maior, tinha que ter um emprego extra no terceiro turno, o que não me incomoda, se não fosse pelo fato de ela ficar treinando o timbre de voz “sexy” toda vez que falava ao microfone.

Fizemos uma escala em Salvador e percebemos que tínhamos uma percepção bastante real da cidade. É uma cidade feia, suja, com casas amontoadas e que, se não estivéssemos vendo de cima, de dentro do avião, certamente notaríamos também o cheiro desagradável da cidade. Por outro lado, vimos algumas praias bastante bonitas por perto.

Quando, finalmente, chegamos em Fortaleza, por volta das 15:00, horário local (no nordeste não tem horário de verão), estava um tempo bastante fechado e com momentos de chuva.

Pegamos nosso ônibus rumo da Jijoca de Jericoacoara às 16:30, muito mais confortável, e assistimos a 2 filmes do caminho, ambos já antigos e que já tínhamos assistido. Um dos filmes era Bem Vindo de Volta “Roscoe Jackings” (não sei se é assim que se escreve) e o outro não lembro o nome agora, mas tinha passado no domingo anterior na Temperatura Máxima. Tinha até serviço de bordo no ônibus. Pedimos um suquinho e a moça nos deu 2 caixinhas de suco de goiaba! Nem eu e nem a Fabi gostamos de suco de goiaba, mas mandamos pra baixo.

O ônibus nos deixou na beira da estrada em um lugar escuro e, momentos depois, chegou uma jardineira “caindo aos pedaços” para completar a viagem de mais 1:10. No início da viagem, eram todas ruas de terra batida e a jardineira chacoalhava muito tanto que a mala que estava em cima do banco caiu. Detalhe estavamos no total “breu”, luz era somente o farol da jardineira. Em certo ponto da viagem, passamos por um pequeno povoado e pudemos ver uma das cenas mais pitorescas que já tínhamos visto. Tinha uma TV no meio da praça e uma porção de gente, principalmente jovens, assistindo ao BBB 11.

Quando pensamos que já estávamos chegando, a jardineira entrou na areia da praia e completou o percurso rente ao mar. Foi bastante interessante, pena que não dava para ver quase nada diante aquele breu da noite sem lua. Cruzamos com um Gol do modelo mais novo fazendo o mesmo percurso nosso e ficamos abismados de como aquele carro pôde fazer esse caminho e naquela velocidade. Certamente era um carro alugado. A Fabi ficou com medo que o carro era de bandido... rsrs.... eita menina urbana!!

Enfim, chegamos em Jericoacoara. Aqui carro não entra. O Gol teve que parar do lado de fora do povoado e fazer o restante do percurso a pé.

Ficamos surpresos ao ver que aqui está lotado de pousadas, restaurantes e lojinhas no estilo boutique.

Fomos recepcionados por alguns representantes de pousadas e de pequenas agências de turismo mas, como já tínhamos feito a reserva, só queríamos chegar na pousada logo. Um rapaz nos acompanhou até a nossa pousada (Casa de Areia) e, ao avistar um sapo dos grandes e cinzentos bem na recepção, ele disse que era o mascote aqui. É claro que eu perguntei se era de pedra e, ele, sem dizer nada, simplesmente pisou de leve no suposto sapo de pedra que logo saiu pulando. O rapaz da recepção confirmou que há muitos sapos por aqui, principalmente à noite. Ainda bem que ficamos no quarto de cima. Estávamos fechando a reserva da pousada Casa de Areia para o quarto do térreo, o mais barato, mas já não tinha mais mais disponibilidade. Então, a Verônica ofereceu esse quarto mais alto pelo mesmo preço. Esse quarto continua sem vista para o mar ou as dunas mas o mais importante é que não tem sapo.

Ainda na recepção já fizemos uma reserva de passeio para o dia seguinte. Nós vamos para Tatajuba e estamos empolgados para ver o que nos espera por lá.

Subimos, ficamos satisfeitos com o quarto e fomos dormir para aproveitar o dia seguinte. Ah, o banheiro fica do lado de fora do quarto bem aberto e ao estilo rústico do local.

Fabio



Dia 2 – 26/01/11

Hoje acordamos cedo para ir para o passeio até Tatajuba. A noite foi um pouco conturbada pela quantidade de pernilongos por aqui e pela baladinha de Rock que rola até altas horas. Até certa hora da noite tem um barzinho bem aqui do lado que toca música ao vivo. As músicas são boas e bem tocadas. Acho que o Djavan leva um cachê já que todas as músicas dele são tocadas pelo menos uma vez por noite.

Descemos receosos de encontrar novos sapos pelo caminho, mas todos tinham desaparecido.

As moças aqui da pousada, muito simpáticas por sinal, explicaram que é muito comum ter sapo por aqui principalmente no período de chuvas e que aparecem mais durante a noite mesmo. Mas, às vezes, aparecem algumas pererecas na pia da cozinha durante o dia pra fazer companhia pra elas. Medo!

Além dos sapos, a pousada tem também um outro bicho de estimação, o cachorro da Roxana (não lembramos o nome), uma italiana sócia da pousada, super “Zen”.

O café da manhã é simples, afinal somos os únicos aqui na pousada, mas é bom. Eles fazem omelete, panqueca e, é claro, tapioca. Pedimos tapioca mas não estava tão boa quanto às que comemos em Maceió. Na verdade estava muito parecida com as que encontramos facilmente em Campinas. Nos perguntaram que suco gostamos mais, se de manga ou se de goiaba. De novo? Eu só não gosto de dois tipos de suco: de goiaba que já tomamos ontem e de manga que tive que escolher para não ficar muito feito. A Fabi já tinha torcido o nariz e dito que tomaria café. Perguntei se não tinha de laranja, Mas ela disse que não tinha laranja hoje.

Pouco antes do horário marcado, 9:30, o bugueiro estava aqui na pousada para nos levar ao passeio. Conhecemos um casal que foi conosco. Ele é de Salvador e mora em São Luis e ela é de Belo Horizonte. Casal simpático e ele é bastante falador. A Fabi mal conseguiu abrir a boca.

O passeio era sentido Piauí (oeste) e, logo no começo, paramos para fazer um passeio de jangada por um manguezal para avistarmos cavalos-marinhos. O lugar é bastante bonito e vimos muitos caranguejos. Cavalo-marinho mesmo só vimos um que outro jangadeiro já tinha pegado para mostrar para a turma dele. Na real nós achamos que ele estava lá durante a manhã toda mesmo e era o único! Pagamos R$10 cada um. Absurdo!

De lá, seguimos viagem passando por um mangue seco, uma paisagem bastante interessante, que dá o nome ao povoado que não chegamos a conhecer.

Por todo o percurso vimos muitos cachorros. Aparentemente há muitos deles por aqui.

A próxima parada foi para a travessia do buggy (ou buggry no linguajar dos nativos) em jangada para transpor um braço do mar. A travessia foi pequena, mas interessante. Cabem 2 buggy’s em cada jangada.

Mais alguns minutos dirigindo pela praia e adentramos nas dunas de beleza impressionante. O bugueiro fez algumas manobras com emoção, mas a Sandra, namorada do Charles, aquele casal que estava conosco, parece não ter gostado muito e ele não fez mais. Logo depois chegamos ao antigo povoado de Tatajuba que hoje não tem mais nada que não seja duna e uma pequena construção de pau a pique onde funciona uma barraquinha de apoio e onde tem uma senhora que conta a história da vila. Dizem que ela já apareceu até no Fantástico dando entrevista para a Glória Maria. Segundo essa senhora que sempre viveu ali, o povoado de Tatajuba foi todo coberto pelas dunas e nada sobrou. Isso me fez lembrar do final da novela Tieta. Ela contou mais algumas histórias como de uma duna que fomos depois que tinha um navio naufragado debaixo dela e os nativos, incluindo ela, tiveram várias visões sombrias. Por isso, a duna ficou conhecida como duna encantada. O novo povoado de Tatajuba fica afastado das dunas e é menor que o original já que muita gente acabou se mudando para outros lugares depois do ocorrido. Todo o processo de soterramento levou em torno de 15 anos.

De lá, bem pertinho, fomos para a Lagoa da Torta que é conhecida pelas redes que ficam fixadas dentro da água e podemos relaxar nas redes parcialmente submersos. A lagoa em si não é muito bonita, com água barrenta, talvez por causa da chuva que deu nos dois últimos dias. É importante mencionar que hoje fez sol o dia todo, diferente da previsão do tempo que vínhamos acompanhando.

Almoçamos na lagoa mesmo. Foi lá que vimos a segunda cena pitoresca da viagem. Eu pedi o cardápio e, após alguns instantes, o garçom voltou com uma assadeira com 3 tipos de peixe diferentes e uma porção de camarão, todos crus. Eu, todo bicho do mato, ou da cidade, no caso, perguntei a ele do cardápio novamente e ele me disse que esse era o cardápio. Era só escolher e o peixe seria preparado. Resumo da ópera, como estávamos em 4 pessoas, pedimos um dos peixes e frango grelhado para o alérgico aqui. Claro que tudo foi acompanhado por cerveja e aí eu me estrepei. Senti um cheiro bastante desagradável no copo e não tive coragem de tomar muita cerveja. Tomei talvez dois copos, o que foi suficiente para me estragar. O cheiro era forte de lagoa, peixe ou sei lá o que. Depois notei que as garrafas de cerveja estavam todas esverdeadas e me senti tomando rum com o Jack Sparrow.

Na volta eu já não estava me sentindo muito bem, mas aguentei firme. Ainda chegamos a tempo de subir na famosíssima duna do pôr do sol, bem perto aqui da pousada, para avistarmos o pôr do sol no mar de camarote, cena raríssima do Brasil já que praticamente 100% da nossa costa é virada para o leste. O tempo nublou um pouco e não deu para vermos um espetáculo tão belo, mas valeu. Foi interessante. Na realidade Janeiro não é a melhor época para avistar o pôr do sol. O povo aqui considera o verão entre Julho e Setembro, afinal nunca faz frio por aqui e esses são os meses que não chove.

Nesse momento eu já estava sofrendo com muita dor no estômago. Chegamos na pousada antes dos sapos e nem saímos mais. Acabamos comendo bolachas que trouxemos e refrigerante do frigobar. Tomei anti-ácido e remédio para dor, que normalmente eu tomo, torcendo para estar melhor no dia seguinte e não ter nosso passeio estragado.

Assistimos à novela Ti Ti Ti depois do Jornal Nacional (por causa do fuso) e não vi mais nada antes de acordar sei lá que horas da madrugada passando mal.

Fabio



Dia 3 – 27/01/11

Hoje foi um dia bastante difícil. Passei mal a madrugada toda e acabamos levantando por volta das 11:00. Tomamos café da manhã, dessa vez sem tapioca mas com suco de laranja e saímos para um passeio a pé por perto.

Como a pousada, a pesar de ser de frente para o mar, não tem serviço de praia, alugamos umas cadeiras na praia aqui em frente, mas as cadeiras eram muito ruins para minhas costas (que doem muito quando me ataca a alergia no estômago) e não ficamos. É claro que também não pagamos.

De lá, fomos na piscina aqui na pousada. A piscina é tão funda que quase consegue cobrir meus joelhos. Mas dá para dar uma refrescada. Ficamos no sol um pouco e logo não agüentamos mais. Aí a Fabi arrumou uma sombrinha boa debaixo de uma cobertura perto da piscina e até demos uma cochilada. Enquanto eu sofria, a Fabi tomava cerveja e ficava no computador.

Depois resolvemos ir até a praia da malhada, do outro lado do vilarejo de Jericoacoara. É bastante perto aqui já que o vilarejo é muito pequeno. A praia é bonita, mas cheia de pedras e conchinhas quebradas e acabamos nem entrando na água. Esse é o caminho para a famosa pedra furada e vamos voltar a passar por lá algum dia desses, talvez amanhã.

Bem na junção entre as duas praias tinha muita gente fazendo Kite surf e Wind surf. Na verdade, Jericoacoara é muito conhecida pelos ventos. Muita gente vem de outros países para praticar esportes aquáticos relativos aos ventos. Não acho que vamos tentar dessa vez. Quem sabe em alguma viagem futura. Aliás, tem muitos estrangeiros por aqui, muitos deles Italianos.

Voltamos e entramos no mar aqui por perto da pousada mesmo. Já no fim do dia percebemos que o pôr do sol ia ser ainda mais fraco que ontem e nem fomos para a duna. Fomos para a pousada e nos aprontamos para sair para jantar (e almoçar).

Jantamos pizza em um restaurante italiano muito arrumadinho. Pena que não conseguimos curtir o lugar porque eu estava bem mal. A pizza é muito boa, com massa ultra-fina e crocante. A Fabi comeu 4 pedaços e eu mal consegui comer o segundo. Trouxemos uma quentinha para tentar aproveitar no dia seguinte.

Voltamos para a pousada e eu tive mais uma noite bem difícil.

Na verdade essa noite foi melhor que a anterior no sentido de insetos. A Fabi desenvolveu uma tática de usar meio frasco de inseticida no quarto antes de sairmos à noite e deixar o quarto todo fechado. Realmente funciona. Nós que não levamos os insetos a sério ontem à noite. A pousada já deixa um frasco de inseticida aqui no quarto e a cama é cercada de voal que não usamos ontem porque pensamos que fosse apenas enfeite.

Fabio



Dia 4 – 28/01/11

Após mais uma madrugada complicada, acordamos meio tarde, sem planos para o dia já que eu estava sem condições físicas de fazer qualquer coisa diferente de deitar ou ir ao banheiro. Aliás, eu estou há 2 dias sem comer e dormir direito. A Fabi está seguindo meu ritmo já que não estamos almoçando e tem um lugar aqui perto que rola Rock’n’Roll até às 3:00 da manhã e é difícil dormir. Ontem a Fabi comprou protetor auricular e conseguiu dormir melhor. Sem insetos e sem barulheira. Eu até gosto de Rock, mas estou pegando birra já.

No café da manhã encontramos 2 pererecas na pia da cozinha, realmente os sapos estão por todo lugar! Apesar desse acontecido, tinha um bolo de banana com canela que estava com cara muito boa e, segundo a Fabi, o sabor fazia jus à aparência, mas eu não tive coragem de comer, no entanto o casal que chegou à pousada na noite anterior detonou o bolo! Pelo tamanho deles depois nós entendemos. O suco hoje foi de maracujá, muito gostoso.

Durante o café, as moças da pousada mostraram algumas peças artesanais feitas de crochê e renda e claro, a Fabi teve que comprar, mas parte foi presente para minha mãe e para a mãe dela.

O dia amanheceu bastante nublado mas, mesmo assim, criei coragem e saímos rumo à pedra furada. A caminhada é de 3 km até a pedra e mais o mesmo tanto para voltar. Chegamos até a praia da Malhada e resolvemos voltar porque o tempo estava fechando ainda mais e eu não estava bem mesmo. Minhas costas doíam muito acho que também pelo tempo que passei deitado além do fato de que doem mesmo quando tenho essa alergia atacada.

Voltamos para a pousada e comemos a quentinha fria de ontem. Um pedaço de pizza para cada um, mas que salvou o dia. Por volta de umas 3:00 da tarde eu estava um pouco melhor e a chuva tinha parado. Então resolvemos, definitivamente, ir para a pedra furada já que não teríamos outra oportunidade depois de voltar para lá pois amanhã estamos planejando um passeio para Barrinhas.

Fomos decididos e conseguimos. O caminho é realmente muito bonito e tiramos várias fotos. Fomos, parte pela montanha e, parte pela praia. Chegamos na pedra quando não tinha praticamente ninguém. Tiramos umas fotos boas e fizemos uma horinha por lá. Depois chegou um monte de gente, tiramos mais umas fotos e partimos sentido à pousada novamente. A volta foi mais difícil. Não que o caminho seja ruim ou porque seja longe, mas eu estava me sentindo um pouco fraco e voltei devagarzinho pelo menos até o final do trecho da subida. Depois voltamos rapidamente e, de novo, como não ia ter pôr do sol, voltamos direto para a pousada.

Na saída da pousada para jantar, tinha uma roda de capoeira bem aqui na frente. Ficamos um tempinho lá contemplando, fizemos um filminho e tiramos algumas fotos.

Jantamos franguinho empanado com purê e arroz à grega e, dessa vez, não precisei usar o banheiro do restaurante. Deprimente.

Embora eu tenha comido muito pouco de novo, parecia que eu tinha acabado de voltar de um rodízio e me sentia muito cheio! Conseguimos até trazer uma quentinha para Regis, rapaz que fica na pousada à noite.

Enfim, passei uma noite difícil novamente.

Fabio



Dia 5 – 29/01/11

Depois de nova madrugada praticamente em claro, levantamos às 8:00 para fazermos o passeio na Barrinha.

Hoje teve suco de goiaba de novo e pulamos o suco novamente. Tomei leite com chocolate, coisa que fazia muito tempo que não tomava. A Fabi fica no cafezinho que, segundo ela, é muito bom, mas eu prefiro não arriscar. O bolo do dia é de coco com leite condensado que, segundo a moça da pousada, não leva farinha. Estava gostoso, mas a Fabi disse que o de banana com canela estava muito melhor.

Eu estava me sentindo um pouco melhor essa manhã, mas minha barriga me fez interromper meu café da manhã, mas por uma causa justa. Pelo cheiro do produto, eu tive certeza de que estava curado. A cerveja com sabor de garrafa de rum curtida no fundo do mar tinha, enfim, me abandonado.

Saí da pousada confiante de que não ia passar mal e fomos para o passeio na Barrinha que o Regis nos ajudou a reservar por um preço razoável embora tenha sido exclusivo para nós.

Logo no início do passeio, ainda aqui na vila, o Géules, nosso bugueiro, cujo nome conseguimos guardar só depois do passeio, nos levou no posto de gasolina local. O processo de abastecimento é interessante, envolvendo funil e garrafa d’água. Basta buzinar na frente de uma casa que sai um rapaz com gasolina na garrafa e um funil para abastecimento. Claro que tanta tecnologia tem seu alto preço. O litro da gasolina custa R$ 3,00.

Com o buggy abastecido, partimos sentido leste (Fortaleza) rumo a Barrinha iniciando a viagem pela praia do Riacho Doce que recebe esse nome devido às lagoas formadas pela água da chuva que desembocam nessa praia.

Passamos pela árvore da preguiça, cartão postal do Parque Nacional de Jericoacoara. É uma árvore de mangue que tem o caule com formação normal, na vertical e, há uns 2 metros do chão, o caule se curva totalmente, formando um ângulo reto, e toda a copa da árvore está na horizontal, como que se a árvore estivesse com preguiça e tivesse dado uma deitadinha na areia para contemplar o maravilhoso mar em frente dela.

A próxima praia que cruzamos foi a do Preá, já no município de Cruz. Todo esse caminho nós tínhamos feito à noite, de jardineira, no dia em que chegamos em Jeri.

Depois do Preá, chegamos às dunas de Barrinhas. A vila está ameaçada de soterramento pelas dunas móveis, como o que aconteceu em Tatajuba. Tem uma área bem extensa de coqueiral e uma das atrações do local é colher o coco do chão, sem esticar os pés, de cima das dunas que estão soterrando parte dos coqueiros. As dunas são bastante extensas e, em seus vales, são formadas pequenas lagoas com a água da chuva. Pudemos ver algumas já em formação, mas não profundas o suficiente para banhar-se já que estamos no início do período de chuvas.

A Fabi ficou com desejo que tomar água de coco colhido por ela e o bugueiro, muito solícito, disse que abria para ela. Só que o coitado estava com um facão que nem ele sabia qual era o lado do corte e mais parecia um serrote pela quantidade de dentes que o coitado tinha. Depois de muitas pancadas, o Geules, já suando, conseguiu abrir o coco para a Fabi beber sua água. Outra luta foi para tentar parti-lo depois para comermos a carne, mas o Geules, dessa vez, desistiu e falou que era melhor deixar para lá. Não satisfeita, a Fabi pediu mais um coco para levar embora e beber à noite e enfim comer sua carne.

A população em toda a região de Jericoacoara sobrevive basicamente do turismo e da pesca, dependendo da vila, pouco mais de um do que de outro. Na região de Barrinhas não há muito turismo já que nem todo bugueiro consegue chegar e podemos ver muitos barcos de pesca na beira do mar aguardando a maré cheia pra a partida dos pescadores.

Depois das dunas, fomos para uma lagoa que fica por perto, chamada Lagoa da Pinguela. Embora o Geules tenha apertado o pé pra tentar nos livrar da chuva, tomamos um belo banho já perto de um restaurante na lagoa em que paramos para esperar a chuva passar e fazer uma horinha.

Enquanto esperávamos, a Fabi tomou a cervejinha dela, por padrão, e eu, a minha Coca-Cola que às vezes tomo para não enjoar de água. Pedimos uma porção de batatas fritas e, enquanto degustávamos, ficamos ouvindo as histórias de família do Geules.

Após o dilúvio, entramos na água da lagoa que estava bem quente, mas logo a chuva voltou e nos tirou da água.

Passada a chuva, iniciamos nosso retorno por dentro do vilarejo já que a maré já tinha subido e paramos na praia do Preá para almoçar. Eu e a Fabi não almoçamos mas esperando o Geules comer. Enquanto isso, a Fabi ficou na cervejinha e eu na Coca-cola, com um aperitivo de soja torrada que levamos de casa.

Vimos algumas caminhonetes Triton da Mitsubish todas adesivadas com emblema do Piocerá e imaginamos que estava acontecendo algum tipo de rally por aqui. Depois descobrimos que é um rally anual entre Piauí e o Ceará que começa no Piauí nos anos ímpares e no Ceará nos anos pares. Ano que vem, o rally sairá do Ceará e terá o nome de Cerapió. Todo ano é assim. E hoje foi o final da etapa 2011 com término no Preá e a premiação foi feita à noite em Jeri. É um rally de moto, quadriciclo e tem também a categoria bike.

Voltamos para Jeri e fomos nos despedir da praia. Tomamos um sorvetinho e ficamos um pouco deitados na areia. Entramos um pouco no mar e aqui não afunda muito. Temos que andar muito mesmo mar adentro para a água subir pouca coisa. Não conseguimos chegar a um ponto que não nos dê mais pé. Quando estávamos longe já da praia, dentro do mar, olhei para trás e vi um simpático cãozinho se aproximando da canga da Fabi, achou confortável e se deitou nela para guardar nossos pertences que deixamos por lá. Não dava tempo de espantar o pobre animal e nos bastou ficar rindo de longe.

Outra curiosidade do mar de Jericoacoara é que tem muita água viva por aqui. Logo no primeiro dia que entramos no mar, sentimos vários pontos de ardume pelo corpo e eu não liguei, mas a Fabi ficou assustada e não quis ficar muito tempo na água. Perguntamos para as moças da pousada que confirmaram que é água viva mesmo. Que, quando apenas passam por nós sem se enrolarem em nosso corpo, fica essa leve sensação de ardume mesmo.

Depois do nosso último banho de mar em Jeri, fomos até a duna do pôr do sol nos despedir dela e subimos pelo final dela e caminhamos por cima da duna em toda sua extensão até próximo à pousada. Fomos, então, nos despedir do terraço e da piscina semi-olímpica da pousada, ficamos por ali um tempinho tirando fotos e fomos nos preparar para o último jantar no povoado, o que seria nossa única refeição do dia.

A Fabi desceu com o coco e pediu para o Regis abrir. Muito solícito, ele logo o levou para trás do balcão e, depois de algum tempo voltou, suado, com o furo no coco para a Fabi poder matar sua vontade do segundo coco do dia. Deixamos na geladeira dele para tomar na volta já geladinho.

O Regis nos indicou um restaurante, segundo ele, muito bom e romântico para irmos jantar, chamado Tamarindo. Agradecemos e fomos rumo a um outro restaurante que já tínhamos visto que tinha carne de sol com macaxeira, o que estávamos decididos a cear hoje. Compramos, no caminho, uma camiseta de Jeri para mim e um presentinho para minha irmã que faz aniversário em Fevereiro.

Fomos ao restaurante que tínhamos em mente e, quando, conseguimos encontrar um rapaz para nos atender, ele não sabia se aceitava Visa e não conseguia fazer a fumaça do forno a lenha subir pela chaminé. Pediu para esperarmos o outro garçom que tinha ido logo ali e já voltava.

Praticamente asfixiados, saímos dali e fomos para o tal do Tamarindo. De fato, a aparência do restaurante é muito boa e resolvemos tentar, mas não antes de fazer duas perguntas cruciais. A garçonete respondeu que sim à primeira pergunta de se aceitavam Visa e riu em relação à segunda que era qual era o risco de ter sapo no restaurante pois o mesmo era no estilo rústico com as mesas na areia. Com o riso contido, ela preferiu responder que é normal avistar sapos por lá todas as noites, mas que tinha uma área fechada e que não correríamos esse risco. Aceitamos a dica e fomos para lá. Jantamos carne de sol com macaxera ao forno, purê de moranga e arroz branco. Estava tudo bom, mas eu ainda prefiro nossa mandioca frita. A Fabi achou o purê adocicado, o que estava mesmo, e tive que ouvir dela que deveríamos ter pedido a carne de sol acebolada já que teria dado sabor especial ao prato.

No final do jantar, como fomos por indicação, ganhamos uma bola de sorvete de tamarindo cada. É um sabor bastante interessante, começando pelo azedo forte, indo para doce e terminando em um sabor mais básico que lembra banana verde. A Fabi acha que começa azedo e termina azedo. Enfim, é um sabor diferente, bom e valeu à pena a experiência.

Saímos de lá e passamos em uma outra loja para comprarmos uma blusinha para a Fabi. Enquanto ela experimentava, a vendedora me perguntou se eu não queria nada para mim. Como resposta, mostrei a ela o que eu já tinha comprado, mas, estranhamente, minha camiseta não estava comigo. Pra variar, a Fabi esqueceu a sacolinha no restaurante. Acho que porque saiu correndo com vergonha de eu ter ido conhecer o recinto reservado de mais um restaurante aqui em Jeri. Voltamos lá e a garçonete tinha guardado para nós.

Na volta, tivemos que passar por mais uns sapos pelo caminho mas chegamos intocados à pousada. A Fabi bebeu a água de coco dela e pediu para o Regis abri-lo para ela poder enfim comer sua carne. O Regis olhou com cara de dó e disse que não tinha como abrir. Acho que ele não tem as manhas ou ficou para ele comer depois porque parecia que o coco estava bastante carnudo. A Fabi ficou chupando o dedo, tadinha.

Fomos dormir felizes pelo ótimo dia e esperançosos, principalmente eu, por uma, enfim, boa noite de sono.

Fabio



Dia 6 – 30/01/11

Depois de uma noite boa de sono, a melhor para o Binho que acordou apenas para procurar o protetor auricular que tinha saído, descemos para o último café da manhã na pousada Casa de Areia. Hoje o suco era de maracujá e o bolo não era especial, era um bolo simples, mas muito bom. Aproveitei para pedir uma última tapioca e dividi um pedaço com o Binho. Agrademos as moças da pousada, Eliana e Antonia (aproveitei para dar a elas uma gorjeta já que o salário deles lá deve ser bem baixo) e ficamos aguardando o transporte D20 que elas chamaram para nós. O pessoal utiliza este tipo de transporte para ir do distrito de Jericoacoara para Jijoca. O percurso é apenas 40 minutos mas a estrada é bem ruim apesar de ter uma paisagem linda, entre as dunas do Parque.   

Chegamos por volta de 11:00 na Pousada Anjo Azul, apesar de ser um transporte coletivo a D20 nos deixou na pousada, acho que deve ser caminho. Como o check in era mais tarde resolvemos colocar roupa de banho e quando estávamos prontos para ir para a lagoa, caiu um temporal. Assim como no dia anterior, foi uma pancada forte de chuva que passou bem rápido. Enquanto isso nosso quarto ficou pronto e quando nós percebemos o tempo já tinha aberto de novo com um sol lindo e forte. Fomos então conhecer a lagoa que fica ao fundo da pousada e tem uma estrutura privada com cadeiras, espreguiçadeiras e guarda sol de sapé para nosso conforto. A água da lagoa é cristalina e sua cor lembra um pouco o mar do Caribe pela mudança na coloração da água. A areia é branquinha e fofa. Na água tem três redes de descanso que quando você deita fica um pouco submerso na água. O Binho aproveitou bastante e depois foi para sombra ler o livro dele, que por sinal estava guardado até hoje. Quando chegou a minha vez, depois suar no Sol e de dar umas braçadas na lagoa fui tentar descansar um pouco e me estrepei. Fui balançar a rede pra mexer umas folhinhas grudadas e não vi um “enxame” de abelhas que estava grudado na rede, resultado, elas vieram em cima de mim e uma delas picou perto da minha boca. Ardeu tanto que eu até chorei, bom, isso não é novidade. Sorte do Binho que saiu de lá antes delas se instalarem. Um fato estranho aconteceu pouco tempo depois quando umas nuvens chegaram, começou a chuviscar e com a chuva uma infinidade de abelhas, muito maiores do que as que estavam na rede. Ainda bem que nenhuma delas nos picou, mas tivemos que sair correndo. Um casal, também hospedado na pousada, que estava na praia conosco se assustou e até foi embora, subindo para o observatório, um deck alto, na entrada da praia, que se tem uma vista bonita da lagoa.

Eu, como não paro quieta, falei para o Binho irmos dar uma volta na beira da lagoa. Fomos caminhando e passando para outras pousadas e restaurantes que servem os buggy’s com o pessoal que vem de Jeri passar o dia na lagoa. Muito sortuda, na ida, pisei num pedaço de galho pontudo que furou meu pé, ainda bem que doeu bem menos que a picada da abelha. Passamos depois mais um tempo na lagoa e logo começou a escurecer e armar um tempo feio que resolvemos voltar para a pousada. Ficamos um tempo na varanda lendo, tomamos banho e no fim do dia fomos tirar umas fotos da pousada e escrever nosso diário. Como não tínhamos almoçado, agendamos uma sopa, cortesia da pousada, para às 18:30 – Por mim era até mais cedo de tanta fome que eu estava.

Às 18:30 em ponto fomos ao restaurante e os donos da pousada, bem simpáticos, nos serviram. A sopa estava tão boa que quando um deles nos ofereceu mais eu logo disse que sim, o Binho claro, também aceitou. No entanto minha fome ainda não havia passado e resolvi pedir salada com empada de palmito para arrematar, mas, não comi tudo sozinha, dividi parte com o Binho. Durante o jantar ficamos assistindo o filme Perdidos no Espaço, pois a TV não pega canal aberto, é Embratel. A série não é da nossa época, mas os donos da pousada estavam curtindo.

Após o jantar fomos até o caminho das estrelas para admirar o céu. Ele não estava todo estrelado, mas deu para ver bastante estrela e estamos confiantes de que amanhã será um lindo dia de sol. Nossa esperança enquanto contemplávamos o céu era ver uma estrela cadente. Um dos donos aqui nos disse que quase todo dia tem. Mas como meu medo de ficar no escuro e em meio aberto com a presença de morcegos, insetos e Cia é maior, não consegui ficar lá aguardando este acontecimento. Quem sabe amanhã à noite.

Voltamos para nosso quarto, ficamos assistindo Fantástico, entramos um pouco na Internet, que por sinal pega muito bem aqui, bem mais que em Jeri e esperamos passar enfim uma noite ótima de sono em silêncio absoluto e sem necessidade de usar protetor auricular.

Fabi



Dia 7 – 31/01/11

Está acabando! Hoje foi o nosso último dia inteiro aqui e amanhã partimos de volta para casa.

Acordamos cedo porque tínhamos agendado com o jangadeiro para nos levar para a Lagoa Azul. O café da manhã aqui da Pousada Anjo Azul não é farto de opções, mas é melhor que da Casa de Areia e tem umas coisas muito boas! Só não entendo como o padrão suco de laranja não é comum aqui em Jijoca. Hoje tinha suco de manga e melancia. O suco de manga até que estava bom. Comemos bem e saímos para a areia nos encontrar com o jangadeiro.

Como estávamos atrasados uns 20 minutos e o jangadeiro não estava lá, ficamos preocupados de termos perdido o passeio, mas que nada. Ele ainda não tinha vindo porque o vento parou. A jangada que fomos passear hoje é daquelas com vela porque é inviável usar o remo, ou seja lá como se chama aquela vara que eles usam para mover a jangada dando impulso no chão, porque as lagoas são muito extensas.

Passados alguns minutos, o Ernando estava aqui nos embarcando. Sim, o nome está correto e não foi um erro de digitação, pelo menos não meu.

Fomos só nós no passeio rumo à Lagoa Azul. Ambas as Lagoas Azul e do Paraíso, onde estamos hospedados, se juntam no período de cheia e formam como que uma lagoa única, com apenas um pequeno estreito as separando oficialmente.

Como a noite ontem estava bonita, com bastante estrela no céu, estávamos certos de que hoje seria um belo dia para o passeio. De fato, o dia começou bonito, ensolarado e com bastante vento, próprio para velejar. Porém, alguns instantes depois de começarmos nossa jornada, a chuva veio e veio forte. O Ernando parou a jangada ainda aqui próximo da nossa pousada, em um lugar que pudemos nos abrigar da chuva mais pesada, e ficamos por lá por pelo menos meia hora.

Quando ele resolveu parar, estava ventando forte e a jangada estava bem pensa, quase virando, embora, segundo o Ernando, não tem risco de isso acontecer.

Bom, quando caímos no mar, digo, na lagoa, de volta, o vento resolveu parar de soprar. A lagoa é muito bonita, assim como o percurso todo. Mas não há beleza que nos distraia por 3 horas, tempo que levou nossa viagem. O coitado do jangadeiro estava cansado de empurrar a jangada no muque e teve que fazer intermináveis zigue zagues para fazer a jangada andar alguns metros para frente. A Fabi, paciente que dá até gosto, começou a reclamar, segundo ela, baixinho, só para eu ouvir, e colocar a destreza do Ernando em dúvida. Mas, coitadinha, ela estava com pressa por uma causa justa, devia estar vendo estrelas já.

Enfim, chegamos no restaurante da Lagoa Azul que, diferente da Lagoa do Paraíso, tem apenas uma pousada e apenas um restaurante que é o único ponto de apoio da lagoa.

Estava bem ensolarado e o restaurante tem as mesas e cadeiras na água, bem no estilo das outras lagoas por aqui. A água é ainda mais clara que da Lagoa do Paraíso. Na verdade, a água é clara igual, mas o chão é menos “sujo”, com menos vegetação. Outra grande diferença para a outra lagoa é que, na Azul, em poucos passos, já estamos cobertos d’água. E, pelo menos até não dar mais pé, não tem nenhuma sujeirinha no chão e a água é incrivelmente transparente, piscina total.

Pedimos cervejas em lata, mas eles não tinham. Então tivemos que arriscar tomar cerveja de garrafa no copo mesmo. Mas a garrafa estava limpinha e o copo sem cheiro de mar. De qualquer forma, a Fabi pediu uma garrafinha de água e deu mais uma lavada no meu copo, só para garantir. Essa foi a primeira vez que tomei cerveja desde o dia que chegamos em Jericoacoara, mas não tomei muito porque ainda estou meio traumatizado. Junto com a cerveja pedimos uma porção de carne de sol com macaxera frita, mas, infelizmente, não é época de macaxera e, para não servir um produto não muito bom, eles estão sugerindo batata frita no lugar. Aceitamos e a comida não demorou para chegar. Quando ele comentou da macaxera nós logo lembramos da que comemos no restaurante em Jeri que estava um pouco dura.

A Fabi levou um pouco para o Ernando que sentou lá dentro sozinho. Coitado, o rapaz é bem quietinho e ficou até sem jeito de aceitar. Mas ele fez muito bem em aceitar porque estava realmente uma delícia! Deu até vontade de pedir mais uma porção, mas resistimos.

Depois de comer, entramos mais na lagoa e ficamos curtindo um pouco e tirando algumas fotos. Estávamos preocupados com a volta e, para não chegarmos de volta à pousada tão tarde, não ficamos muito tempo lá na Lagoa Azul.

Mas a volta foi muito mais rápida porque estava ventando mais e o vento é a favor ao retorno. Em menos de uma hora estávamos na pousada.

No caminho, o Ernando puxou uma corda com um toco amarrado na ponta e perguntou se queríamos vir sendo puxados do lado de fora da jangada. A oferta foi tentadora e aceitamos. Eu fui primeiro e depois a Fabi. O rapaz da pousada disse que isso se chama “ski puxa”. O jangadeiro começou a puxar devagar e, como viu que eu estava gostando da brincadeira, mandou ver na velocidade. Foi bem divertido. O difícil era subir na jangada, mas o Ernando dá uma forcinha.

Depois, foi a vez da Fabi. Ela também gostou, mas não deixou a velocidade aumentar muito porque o biquíni dela estava perigando ficar no caminho. Para voltar para o barco ela deu um trabalhinho porque escapou da borda do barco, mas logo agarrou de novo e foi içada para dentro pelo Ernando.

Quando chegamos na pousada, a Fabi estava faminta e comemos um x-salada e depois fomos na “praia” caminhar. Caminhada feita, ficamos sentados na beira da lagoa nos despedindo dela e tendo idéias mirabolantes do que fazer na quarta-feira ao invés de voltarmos para casa. A opção escolhida foi de descermos no Rio de Janeiro amanhã ao invés de seguirmos para Campinas. Mas depois fizemos algumas pesquisas na Internet e vimos que seria muita loucura e acabaríamos gastando mais por não termos planejado nada e desistimos da idéia. Então, amanhã estaremos de volta em casa se Deus quiser!

Enfim, jantamos nhoque que estava muito bom e voltamos para o quarto para arrumar as malas e estar prontos para partir amanhã logo cedo. Às 8:15 o transporte estará aqui para nos levar para o centro de Jijoca para pegar o ônibus para o aeroporto em Fortaleza.

Quando eu já tinha acabado de escrever sobre o dia de hoje e a Fabi estava lendo depois de já ter arrumado as malas recebemos uma inesperada visita de uma aranha, segundo a Fabi, enorme. Tentei matar com meu chinelo, mas ela entrou em baixo da cama. Falei para Fabi que ela não ia subir na cama, mas não teve jeito, ela me fez ir atrás dos donos da pousada para arrumar um inseticida. Com este em mãos, intoxiquei o quarto, mas a tal aranha saiu de baixo da cama e, na segunda tentativa, a Fabi conseguiu jogar o chinelo em cheio nela para matá-la. Devido ao acontecimento desse episódio, tive que abrir uns parênteses para contar. Agora sim, vamos dormir.

Fabio



Dia 8 – 01/02/11

Último dia. Dia de voltar para casa.

Antes de começar o relato de hoje, eu quero mencionar o último episódio da noite de ontem que não ficou registrado no diário. Depois de a aranha estar morta e, enfim, deitarmos para dormir, vi algo brilhando na parede e fiquei me perguntando o que seria. Vi piscar algumas vezes e pensei que estivesse com a vista falhando de sono e a luz sumiu. Passados alguns instantes, ela voltou a piscar e me toquei que tínhamos um vaga-lume no quarto. Quando contei para a Fabi, ela ficou com medo, mas depois se acalmou, talvez porque eu tenha explicado que ele não dá choque.

Bom, hoje acordamos bem cedo, às 6:45, mas eu já estava acordado desde antes desse horário com o canto dos pássaros e a claridade incomum para esse horário já que a região nordeste do país não tem horário de verão.

Tomamos café da manhã e saímos, com alguns poucos minutos de atraso. A D20 já estava nos esperando para nos levar para Jijoca para o ônibus. Mas, antes de sair, os donos da pousada nos deram umas fitinhas para escrevermos um desejo e afixarmos na árvore que eles denominaram “Árvore dos Sonhos”. O tronco da árvore é duro e tive dificuldade para desentortar a taxinha que acabei entortando para pregar o desejo da Fabi. Talvez o desejo dela é muito difícil de realizar e nem a árvore queria saber dele, vai saber.

Partimos para Jijoca com 15 minutos de atraso e, quando chegamos na rodoviária, uma guia rebaixada em frente de uma banca de jornal, o ônibus não estava lá. Nosso motorista foi checar, na velocidade comum nordestina, com algumas pessoas se o ônibus já tinha partido e tinha mesmo. Ele nos levou em perseguição ao ônibus e o encontramos não longe dali, a uns 30 km por hora.

O motorista do ônibus parou e foi bastante solícito. Embarcamos nossa bagagem e a Fabi me alertou umas 3 vezes para não pisar em um montinho deixado por algum desesperado que não alcançou o banheiro. Entramos no ônibus e a Fabi veio trazendo um rastro de destruição já que ela trouxe o montinho para dentro do veículo. Acho que ela me alertou tanto para não pisar porque ela que queria fazer isso.

Paramos alguns kilometros à frente para embarcar o pessoal que estava vindo de Jeri de jardineira e a Fabi desceu desesperada para limpar a sandália dela e o chão do ônibus.

A Jardineira chegou com lotação máxima e descobrimos que o bagageiro é no teto do veículo. Não precisamos usar na nossa chegada porque estávamos em poucas pessoas aquela noite.

O percurso de quase 4 horas em direção a Fortaleza foi um tanto desconfortável. Tinha uma menininha do banco de trás do nosso e não parava de gritar, berrar, cantar, pular, irritar e eu estava com bastante vontade de jogar a mãe dela pela janela quando resolveram ir para o primeiro banco, mas isso já era quase a metade da viagem.

Depois conseguimos cochilar um pouco, mas não parava de passar gente no corredor e ficava esbarrando em mim, fora as freadas bruscas e curvas agudas que o motorista insistia em fazer.

Quando chegamos em Fortaleza, fizemos parte do caminho na beira mar e a Fabi ficou morrendo de vontade de ficar por aqui até o fim de semana. Se eu animasse, acho que ela bem que ficaria mesmo.

Seguimos para o aeroporto e lá chegamos por volta das 14:00 para esperar o vôo das 16:22. Almoçamos um chinês bem meia boca e aguardamos o horário do embarque.

O vôo também foi conturbado por crianças berrando atrás de nós. Tinha um menininho atrás da Fabi que, além de gritar o vôo todo, ficava chutando a poltrona dela. Só não foi pior porque eles desceram no Rio de Janeiro, mas aí a viagem já estava acabando. Do Rio pra Campinas também tinham outras criança chorando, mas, pelo menos, estavam longe de nós.

Nunca leve criança pequena em viagens longas! Se quiser viajar, vá de carro. Assim, você tem mais flexibilidade para ir parando e não incomoda outras pessoas.

Chegamos bem em Campinas e meu pai estava nos esperando para nos trazer de volta para casa.

Enfim, em casa. Lar doce lar.

Com isso, nossa viagem está encerrada e nosso diário de viagem também. Nós gostamos da experiência de tê-lo escrito e esperamos que você, que está lendo, tenha gostado também.

Fabio

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